sábado, 14 de novembro de 2009

Análise das entrevistas

Para realizar o trabalho de saída de campo solicitado pela interdisciplina da EJA, foi necessário realizar algumas entrevistas com educadores que trabalham com essa modalidade de ensino. Nos depoimentos que obtivemos foi possível perceber elementos semelhantes com a escrita da Marta Kohl no texto: Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento a aprendizagem.

De acordo com as respostas, existem dois perfis de alunos, aqueles que não concluíram na idade “certa” o ensino fundamental e busca nessa modalidade de ensino uma qualificação profissional, uma ferramenta para progredir no mundo do trabalho e aqueles que são excluídos do ensino regular devido a sua idade e seu histórico de repetências.

O primeiro é interessado, questionador, quer buscar o tempo perdido, motiva o professor a trabalhar e exige o melhor para si. O segundo é um desafio: como fazer que se interesse pelos conteúdos escolares; como falar sua linguagem e aproximar-se desse aluno, penso que é parecido com o aluno regular, a escola para ele tem pouco significado.

O adulto se mostra interessado em aprender, porém demonstra baixa autoestima e acha sempre que não sabe fazer as atividades, não acredita no seu potencial e apresenta certa resistência ao novo, contudo traz consigo muito conhecimento da vida que deve ser explorado. No geral, apresentam certas limitações em termos de cultura geral, o vocabulário é restrito, demonstram vergonha de expressar seu pensamento e acabam desistindo frente às dificuldades.

Os obstáculos para estudar são muitos: o cansaço do dia de trabalho, as lacunas de aprendizagem trazidas, problemas econômicos, familiares e emocionais. É por isso que o educador tem que oferecer uma aula diferenciada, dinâmica, de acordo com a realidade dos alunos. Deve manter uma cumplicidade com eles, escutando seus problemas e dificuldades. Precisa resgatar a autoestima desses alunos, demonstrando respeito e paciência.

Acreditam que os programas educativos são importantes e devem ser mantidos, haja vista que todas as pessoas têm direito a aprender e é uma forma de democratizar a educação. Através deles o índice de letramento pode ser melhorado e a qualidade do ensino favorecida.
Com essa pesquisa de campo, foi possível ratificar o que já foi lido sobre o assunto tanto na interdisciplina da EJA quanto na Didática.

Nunca trabalhei com alunos da EJA, mas aprendi que se tiver oportunidade tenho a responsabilidade de usar uma dinâmica metodológica, partindo das idéias freireanas que diz que é preciso o aluno aprender a ler a sua realidade para transformá-la, para ser capaz de interagir na sociedade, sendo sujeito da sua própria historia. Essa leitura de mundo só é possível quando compreende e faz relações, portanto tenho que valorizar o contexto social no qual meu aluno está inserido, no intuito de obter um trabalho rico a ser construído com trocas de aprendizagens e novas descobertas.



REFERÊNCIAS

“A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freireana” (filme). Produzido durante o curso “Alfabetizando jovens e adultos”, SENAC-SP, Assessoria Instituto Paulo Freire”. 1999-2001. DVD ( 52min.)

BETTO, Frei.
Paulo Freire: a leitura do mundo. Disponível em:
<
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf>. Acesso em 26/10/2009.

OLVEIRA, Marta Kohl de.
Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. RevistaBrasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.

Um comentário:

Marga disse...

Oi Marcia!
Jóia a forma como tu te expressas , argumentando e demonstrando evidências das tuas descobertas..

Tu tens os pés no chão quando te reportas a realidade dessa modalidade. Faz-se necessário uma grande sensibilidade e apropriação de saberes inerentes a teoria freireana.Numa persespectiva de prática, é possivel aplicar teu olhar sobre a realidade que tu pertences?