segunda-feira, 30 de novembro de 2009

EJA

A EJA segundo a LDB 9394/96 é uma modalidade da educação básica nas etapas de ensino fundamental e médio que possui especificidades próprias e deve ser tratada de acordo com sua diversidade.O conceito de Educação de Jovens e Adultos não pode ser simplesmente relacionado à ensino noturno, porque a EJA não é definida pelo turno em que é oferecida, mas por suas característica específicas e pelo público que freqüenta esta modalidade de educação.
Trata-se de um alunado com outras características, que na idade considerada própria para estarem estudando no ensino regular, alguma circunstância os impediu de continuar seus estudos. Os motivos são vários, dentre eles: a falta de estímulo de permanecer na escola que em nada relaciona o conteúdo com a sua realidade; os altos índices de reprovação, que geram a desistência de continuar tentando aprender coisas difíceis de entender e a grande necessidade de ingressarem no mercado de trabalho, desde cedo, para ajudar os pais no sustento de casa. Portanto precisam ser valorizadas ao máximo para que não se caia no erro de se infantilizar o ensino, oferecendo a estes alunos o mesmo tratamento que é dado aos alunos das chamadas classes regulares.
Apesar de nunca ter trabalhado com a EJA tenho experiência de um familiar que frequentou por dois anos essa modalidade e acabou desistindo por não conseguir realmente se alfabetizar. Vejo que o que ocasionou a evasão foi o despreparo da educadora que não soube aproveitar as experiências de vida do grupo enriquecendo os componentes curriculares e nem utilizou de motivação suficiente para dar significação ao aprendizado.
Acredito que tanto os sistemas de ensino quanto os professores que trabalham com a EJA, precisam estar cientes da responsabilidade que tem de viabilizar e estimular o acesso e a permanência desses alunos na escola, de maneira a recuperar seu objetivo social e supere o fracasso escolar, a repetência e a evasão .


Referências:

AGUIAR, Raimundo H Almeida. A Educação de Jovens e Adultos e a Educação Profissional Ontem e Hoje: Quais as Perspectivas?- UFRGS- Maio de 2009.

BRASIL – Ministério da Educação/ Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB 11/2009

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem- USP- Setembro de 1999.

SANT’ANNA, Sita Mara Lopes. A Educação de Jovens e Adultos: uma perspectiva histórica. UFRGS- 2006.

Plano de aula





A Interdisciplina de Linguagem pediu para que fosse elaborado um plano de aula, que contemplasse atividades de leitura, produção textual, jogo e sistematização.
Para isso escolhi um livro intitulado:A felicidade das borboletas da autora Patrícia Engel Secco, que descobri na biblioteca o qual considerei interessante não só pela história em si, como também o formato do livro que além da letra normal é em braile. Fala de uma menina cega que quer ser bailarina e explica como enxergar a felicidade com o coração.

Por já ter realizado várias leituras no curso referente à necessidade de respeitar o diferente como igual a nós, com direitos e sonhos, considerei esse tema importante para valorizarem a diversidade como um elemento que soma na construção da sociedade e da aprendizagem.
Penso que trabalhando desde cedo esse assunto os alunos compreendem melhor e podem tratar o assunto com naturalidade, sem preconceito.

Não temos na escola nenhuma criança com deficiência visual, porém acredito que o assunto deve ser falado em sala de aula, para que os alunos possam ter uma idéia de como uma pessoa cega pensa e percebe o mundo. Dessa forma pode se colocar no lugar, fechando os olhos e passando as mãos pelo livro, brincando de fechar os olhos e deixar que alguém os guie. São momentos de reflexão onde se pode agradecer pela visão perfeita, mas acima de tudo entender melhor quem vive esse tipo de situação diariamente, sem discriminar, mas aceitando a diferença com muito respeito.
Na verdade é um tema abordado na novela e que se pode fazer um paralelo com a história em questão. Podem-se observar cenas e questionar várias coisas como: quais os sonhos da personagem da novela? quais as dificuldades que ela enfrenta no dia a dia? as pessoas a tratam diferente por ser cega? Ela demonstra ser feliz mesmo sendo cega?
O tema foi motivador, depois de deixar o livro circular pelos alunos a fim de que sentissem a sua textura, fiz a leitura do livro e os alunos adoraram. Após sugeri que fizéssemos a dramatização da parte da história em que a menina cega, a Marcela caminhasse e dançasse sendo guiado pelos amigos. Foi muito legal! Quem nunca ficou de olhos fechados ou vendados e tentou andar tateando os objetos?
Além da linguagem o tema aborda a diversidade, o respeito que temos que ter por todas as pessoas, pois todos somos diferentes. Proporciona que a pessoa se coloque na situação do outro, conseguindo enxergá-lo com outros olhos. Faz com que possamos perceber que o outro tem sonhos como nós e que podemos realizá-los, mesmo que sejam necessárias algumas adaptações. Mostra a importância da dança como forma de expressão e comunicação. Propicia que se trabalhe ainda sobre: amizade, felicidade, ser especial, solidariedade, preconceito, confiança, balé, música, borboletas e braile.
Esse tema pode ser gerador de um projeto, pois possui elementos que possibilitariam trabalhar em muitas áreas disciplinares. Penso que poderia conversar com os alunos para ver o que já sabem sobre o assunto, procurando observar se há um real interesse de se investigar mais sobre o tema. Constatando haver uma motivação a respeito do assunto, teria que formular a questão inicial e descobrir as certezas e as dúvidas dos alunos. Após isso, seria então o momento de montar o plano de ação, objetivando aprender mais e chegar a conclusões sobre as dúvidas e certezas, buscando informações para responder à questão principal em vários materiais: livros, revistas, entrevistas, passeio, internet, etc.


REFERÊNCIAS

SECCO, Patrícia Engel. Ilustrado por Daniel Kondo.A felicidade das borboletas Série Amigos Especiais. São Paulo. Editora Melhoramentos. 2003
http://www.educardpaschoal.org.br/web/leia-nossos-livros-ver.asp.acesso. em 24/11/09


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Respondendo a tutora Margarete

Numa persespectiva de prática, é possivel aplicar teu olhar sobre a realidade que tu pertences?



Margarete, como já disse não trabalho com EJA, portanto minha realidade é de alunos da educação fundamental. Com eles busco aplicar atividades de interesse e motivadoras para que meus alunos tenham sede de aprender e gostem de estar na escola. Na postagem posterior falo do uso de temas geradores em sala de aula, que é uma maneira dos alunos se envolver na aprendizagem, sendo desafiados a pensar, modificando estruturas de conhecimentos anteriores, através da desconstrução, reconstrução e construção provisória de seus saberes.
Contudo fazendo um paralelo entre os alunos da EJA e os meus do 1° ano, percebo que ambos precisam serem compreendidos em suas particularidades e precisam de um professor amigo e cúmplice.
Enfim desde que iniciei esse curso tenho feito leituras e atividades reflexivas que possibilitam que eu transforme minha prática, mudando paradigmas e promovendo a horizontalidade na relação educador- educando.

sábado, 14 de novembro de 2009

Possibilidades do PA

Após participar de dois PAS, o primeiro com o tema estresse e o segundo Violência na escola, posso reconhecer que é uma metodologia de trabalho muito interessante e viável. Através dela há a possibilidade do aluno construir seu conhecimento investigando, organizando, comparando, socializando as informações com os demais alunos e chegando as conclusões.
O assunto sempre parti do que o aluno tem interesse, da sua curiosidade , nada é imposto, portanto a aprendizagem tem coerência e sentindo a necessidade vai buscar a resposta da dúvida.
Esse desafio motiva o aluno e desacomoda tanto eles como também o professor que precisa ser um orientador dinâmico durante o processo. Os caminhos e resultados não ficarão na mão do educador. Lembro das leituras feitas sobre Comênio que diz dá necessidade de realizar planejamentos voltados para o interesse do aluno, que esse tenha autonomia, se torne um ser pensante e crítico.
Ainda não desenvolvi nenhum PA em sala de aula, pois tenho algumas incertezas que estou buscando dissolver na intenção de me sentir segura nessa ação. Vejo muitos pontos positivos, porém negativos também como por exemplo encontrar um tema a ser investigado que seja motivante para todos e no que diz respeito aos recursos materiais à pesquisa, pois a maioria dos alunos com que trabalho não tem acesso a livros, revistas, internet.
Com os meus alunos de 1° ano, vou precisar conversar bastante, escutando suas dúvidas e certezas para então chegar ao tema a ser pesquisado.
Já utilizei muitas vezes temas geradores onde trabalhamos com datas comemorativas ou partindo de um assunto de interesse da turma. Essa forma de aprendizagem faz com o aluno perceba a realidade em que vive, refletindo criticamente sobre ela. O aprender se torna significativo e com mais qualidade.

Análise das entrevistas

Para realizar o trabalho de saída de campo solicitado pela interdisciplina da EJA, foi necessário realizar algumas entrevistas com educadores que trabalham com essa modalidade de ensino. Nos depoimentos que obtivemos foi possível perceber elementos semelhantes com a escrita da Marta Kohl no texto: Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento a aprendizagem.

De acordo com as respostas, existem dois perfis de alunos, aqueles que não concluíram na idade “certa” o ensino fundamental e busca nessa modalidade de ensino uma qualificação profissional, uma ferramenta para progredir no mundo do trabalho e aqueles que são excluídos do ensino regular devido a sua idade e seu histórico de repetências.

O primeiro é interessado, questionador, quer buscar o tempo perdido, motiva o professor a trabalhar e exige o melhor para si. O segundo é um desafio: como fazer que se interesse pelos conteúdos escolares; como falar sua linguagem e aproximar-se desse aluno, penso que é parecido com o aluno regular, a escola para ele tem pouco significado.

O adulto se mostra interessado em aprender, porém demonstra baixa autoestima e acha sempre que não sabe fazer as atividades, não acredita no seu potencial e apresenta certa resistência ao novo, contudo traz consigo muito conhecimento da vida que deve ser explorado. No geral, apresentam certas limitações em termos de cultura geral, o vocabulário é restrito, demonstram vergonha de expressar seu pensamento e acabam desistindo frente às dificuldades.

Os obstáculos para estudar são muitos: o cansaço do dia de trabalho, as lacunas de aprendizagem trazidas, problemas econômicos, familiares e emocionais. É por isso que o educador tem que oferecer uma aula diferenciada, dinâmica, de acordo com a realidade dos alunos. Deve manter uma cumplicidade com eles, escutando seus problemas e dificuldades. Precisa resgatar a autoestima desses alunos, demonstrando respeito e paciência.

Acreditam que os programas educativos são importantes e devem ser mantidos, haja vista que todas as pessoas têm direito a aprender e é uma forma de democratizar a educação. Através deles o índice de letramento pode ser melhorado e a qualidade do ensino favorecida.
Com essa pesquisa de campo, foi possível ratificar o que já foi lido sobre o assunto tanto na interdisciplina da EJA quanto na Didática.

Nunca trabalhei com alunos da EJA, mas aprendi que se tiver oportunidade tenho a responsabilidade de usar uma dinâmica metodológica, partindo das idéias freireanas que diz que é preciso o aluno aprender a ler a sua realidade para transformá-la, para ser capaz de interagir na sociedade, sendo sujeito da sua própria historia. Essa leitura de mundo só é possível quando compreende e faz relações, portanto tenho que valorizar o contexto social no qual meu aluno está inserido, no intuito de obter um trabalho rico a ser construído com trocas de aprendizagens e novas descobertas.



REFERÊNCIAS

“A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freireana” (filme). Produzido durante o curso “Alfabetizando jovens e adultos”, SENAC-SP, Assessoria Instituto Paulo Freire”. 1999-2001. DVD ( 52min.)

BETTO, Frei.
Paulo Freire: a leitura do mundo. Disponível em:
<
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf>. Acesso em 26/10/2009.

OLVEIRA, Marta Kohl de.
Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. RevistaBrasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.

domingo, 1 de novembro de 2009

Alfabetização e letramento

Na interdisciplina de Linguagem fiz a leitura referente a um assunto: alfabetização e letramento,que me interessa muito no momento. Estando com uma turma de 1° ano e realizando um curso de letramento, esse tema tem me instigado a pensar.
Nessa leitura a autora afirma que na escola há uma tradição de ensino apenas transmissiva, preocupada em oferecer ao aluno conceitos prontos, que ele só tem de memorizar, numa perspectiva de aprendizagem centrada em reproduções mecânicas e pouco significativas. Ela faz referência aos estudos de Street, na perspectiva do modelo autônomo e modelo ideológico de se pensar o letramento. O modelo autônomo pressupõe que há apenas uma maneira do letramento ser desenvolvido, sendo que estas foram associadas quase que causalmente com o progresso, a civilização, a mobilidade social. Já o modelo ideológico observa que os significados específicos que a escrita assume para um grupo social de­pendem dos contextos e instituições em que ela foi adqui­rida.
Portanto o mais adequado é alfabetizar letrando,conciliando a apropriação do sistema alfabético-ortográfico em condições que possibilitem o uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Proporcionar aos alunos contato e manuseio com diferentes gêneros( poema, notícia do jornal, bilhete, letra de música, email) e suportes de textos escritos ( livro,dicionário, agenda, placas )na tentativa de aproximar as práticas de leitura e de escrita para a realidade dos alunos, favorecendo que estes as reconheçam como instrumento usável fora do ambiente escolar, vivenciando e fazendo uso deles no seu dia-dia. Ao lado disso, orientar a exploração desses materiais, valorizando os conhecimentos prévios do aluno, possibilitando a ele deduções e descobertas, explicitando informações muitas vezes desconhecidas.
É imprescindível que a escola consiga enxergar a leitura e a escrita como instrumento social, que reconheçam a necessidade de apropriação e uso competente dessas tecnologias de uma forma contextualizada, a fim de que os alunos não desenvolvam concepções inadequadas e disposições negativas a respeito desse objeto.
É dessa forma que trabalho com meus alunos, tornando a sala de aula um ambiente alfabetizador, onde eles possam reconhecer a importância da escrita no cotidiano compreendendo e valorizando os vários usos e funções da escrita em diferentes gêneros e suportes. Procuro ler sistematicamente histórias para eles a fim de aguçem o desejo de ler, chamando a tenção não apenas para o codificar e decodificar, mas também para os usos dessas habilidades em práticas sociais em que escrever e ler são necessários.

Referências
KLEIMAN, Ângela B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. 2006.