segunda-feira, 22 de junho de 2009

Elaboração de perguntas

Em filosofia após a leitura dos textos: Educação após Auschwitz de Theodor Adorno e Sobre a Pedagogia de Immanuel Kant, foi pedido que formulasse duas perguntas relacionando com ambos os textos.Depois deveríamos enviar para uma colega, que deveria respondê-las.


A-“A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações.” Em que momento das reflexões de Adorno essa afirmação de Kant faz sentido? Difere da opinião de Kant?


B - Tanto Adorno quanto Kant fazem referência à disciplina na educação da criança desde cedo. Explique como cada um deles argumenta essa questão.

REFERÊNCIA

ADORNO, Theodor W. A Educacao após Auschwitz. In:______. Sociologia. São Paulo: Ática, 1986, p.33-45.
KANT, Immanuel. Introdução. In:______. Sobre a pedagogia. Piracicaba: EDUNIMEP, 2004, p. 11-36.

Filme Clube do Imperador

Assiti o filme recomendado pelo profº Leonardo e fiz uma análise.
A cena em que o professor William Hundert fica diante de um conflito moral é quando está corrigindo as provas dos alunos e tem que decidir quais os três classificados para a final do Concurso Senhor Júlio César. Ele modifica o conceito do aluno Sedgewick Bell, que havia ficado em quarto lugar passando-o para o terceiro lugar.
Com essa decisão foram quebrados os princípios éticos morais de honestidade e de justiça presentes em seu caráter e ensinados constantemente aos seus alunos, na frase: “o caráter de um homem é o seu destino”. Ele decidiu rever o conceito B que tinha dado ao aluno Sedgewick Bell, resolvendo modificar para B mais. Passa esse aluno na frente do outro lhe dando uma oportunidade, na esperança de que se vendo capaz, ocorresse uma mudança no seu comportamento e no seu caráter. Com essa atitude acabou prejudicando o outro aluno que também queria participar do concurso e tinha demonstrado condições intelectuais para isso, através da sua prova.
A partir de sua decisão que envolveu trapaça, mentira, injustiça com o outro aluno, irresponsabilidade e falta de ética profissional, percebo que moralmente, segundo as minhas concepções, não agiu corretamente, pois não acredito que os fins justificam os meios. Porém tudo isso nos mostra como o ser humano é imperfeito, mesmo pessoas íntegras, podem uma hora ou outra ter algum deslize. Um professor está sujeito à falhas e imperfeições como todas as outras pessoas. Mesmo com boas intenções tentando ajudar um aluno a se modificar não conseguiu, pois por melhor que seja o professor, os exemplos bons ou ruins vêm do que recebemos da família. A falta de valores éticos ou morais ou a inversão de valores são problemas muito graves na sociedade atual.
O papel da família é básico na formação da personalidade do futuro cidadão e não adianta delegar esta responsabilidade à escola, que possuem um papel complementar. O professor William Hundert teve consciência de que agiu errado pedindo perdão anos mais tarde ao aluno preterido. Pode ver que sua atitude com esse aluno não trouxe conseqüências graves na vida adulta, pois continuou acreditando no seu trabalho, colocando o filho para ser seu aluno. Além disso, teve o reconhecimento por parte dos demais alunos, recebendo uma placa homenageando-o, mostrando a gratidão pela educação recebida.

Estádios do desenvolvimento segundo Piaget

Destaquei as características principais de cada estádio de desenvolvimento, segundo Piaget,após a leitura pedida:

Sensório-motor( aproximadamente de zero a dois anos): A inteligência da criança é essencialmente prática ( predominando até o aparecimento da linguagem) e as ações de reflexo se modificam gradualmente em contato com o meio.Ausência de função semiótica,ou seja não representa mentalmente os objetos. Inicia-se a capacidade de representação da realidade.

Pré-operatório(aproximadamente de dois a sete anos): Predomina o egocentrismo, pois a criança não consegue colocar-se abstratamente no lugar do outro, impedindo-a de estabelecer relações de reciprocidade. A leitura da realidade é parcial e incompleta, pois prioriza aspectos que são mais relevantes aos seus olhos. Sua percepção abstrata começa a ser aguçada quando aumenta sua capacidade de imaginar situações, figuras e pessoas semelhantes.

Operações Concretas(aproximadamente de sete a doze anos): A criança já tem a capacidade de reversibilidade do pensamento, realizar ações mentais. Sua compreensão do mundo não é tão prática, ainda depende do concreto para realizar abstrações. Consegue organizar, relacionar aspectos diferentes da realidade.
Nesse período já há relações de troca e de reciprocidade, pois a criança está saindo da fase egocêntrica.

Operações Formais(aproximadamente dos doze anos em diante): O adolescente já consegue realizar abstrações sem necessitar de representações concretas e consegue imaginar situações nunca vistas ou vivenciadas por ela. Trabalha o pensamento hipotético-dedutivo e estabelece relações entre várias teorias e apresenta conclusões..


Referência

_____________________http://www.centrorefeducacional.com.br/piaget.html.acesso em: 26 de abril.2009
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Do Egocentrismo à Descentração: a docência no
ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.

Desenvolvimento moral

Após a leitura do texto, Significações de Violência na Escola: equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? de Jaqueline Santos Picetti, foi solicitado um relato de uma situação experienciada em sala de aula, procurando analisá-la teoricamente com base no referencial piagetiano sobre o desenvolvimento moral.

Todo início de ano procuro estipular regras de convivência com os alunos, observando direitos e deveres, para que se possa tornar o trabalho mais produtivo e tranqüilo. Contudo desde 2007, procuro organizar com eles essa tarefa e percebo que dessa forma ficam mais comprometidos a cumprirem. Através do diálogo explico de sua utilidade e pouco a pouco eles vão compreendendo. Em sua dissertação de mestrado, Liseane Silveira Camargo (2007) afirma que:

A heteronomia precisa ser bem trabalhada, ou seja, o adulto precisa saber introduzir as regras à criança, argumentando-as através de sua utilidade, pois, como serão referências iniciais para o agir moral, precisam estar amparadas principalmente pela argumentação.

Trabalhando com uma turma de 1°ano com alunos entre seis e oito anos,
observo muitas vezes uma dificuldade de dividir brinquedos e materiais que sei ser própria do egocentrismo, característico do estádio pré-operatório em que alguns se encontram. Jaqueline Picetti (2001) comenta que:
Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos.
Mesmo tendo conhecimento de que todas as coisas da sala de aula e na pracinha são de uso coletivo, às vezes acontecem brigas. Nessas ocasiões chamo os envolvidos e pergunto o que ocorreu e faço com que percebam a regra quebrada. Normalmente os demais alunos se envolvem no assunto e todos sabem dizer de que regra está sendo falada.
Muitos alunos já conseguem emprestar voluntariamente e dividir suas coisas numa boa, sem que a professora precise interferir na brincadeira, o que de fato não é o ideal, mas sendo necessário em certas horas. Numa relação desse tipo é baseada no respeito e na cooperação, contrário de uma relação hierárquica onde a cooperação significa obediência para não ter uma sanção. Segundo Camargo 2007, “O respeito, diferente da obediência, é um sentimento construído nas relações interpessoais e vivenciado inter e intrapessoalmente.”
Somente quando o adulto reduz o seu poder ao mínimo é que a criança pode desenvolver sua autonomia. Procuro deixar que resolvam seus desentendimentos sozinhos, mas fico sempre observando para evitar que se machuquem. Faço-os refletirem se o que fizeram foi legal, se gostariam que fizessem com eles, se tivessem no lugar do outro como se sentiriam. Penso que assim proporciono um momento de entendimento de que os outros tem ideias, desejos, intenções e sentimentos que são diferentes dos seus e devem ser respeitados.

[...] que as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental (7 – 10 anos) estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. Esse processo tem características peculiares que incidem no comportamento. Durante essa construção, é importante que o professor esteja atento aos acontecimentos, pois ele poderá auxiliar as crianças a refletirem sobre as diferentes situações vivenciadas na escola. (PICCETTI 2001 )

A afirmação citada foi baseada no construtivismo de Piaget (1987) que diz que o desenvolvimento moral é um processo de construção interior,portanto regras externas tornam-se próprias da criança somente quando ela as adota e as constrói por sua livre vontade. Infelizmente, a maneira que as crianças mais aprendem as regras morais e sociais é por meio da obediência aos adultos, com autoridade.


O objetivo da educação moral que visa ao desenvolvimento da autonomia deve ser ode proporcionar situações que desfaçam a crença da criança de que a regra tem relação direta à autoridade do professor. (CAMARGO 2007)

Segundo os estudos de Piaget as relações de constrangimento (controle externo) não favorecerão o desenvolvimento moral, porque elas impedem o desenvolvimento da autonomia (controle interno). Como um ser biológico adaptativo, a criança normalmente reage às pressões do meio, deixando sua conduta ser governada por estas pressões. Pode se comportar assim por querer receber um elogio ou evitar punições. Na medida em que pode escolher e decidir, tem a possibilidade de cooperar voluntariamente com os outros e construir suas próprias regras morais.


REFERÊNCIA:
CAMARGO, Liseane Silveira. Reflexões sobre a moralidade na escola. Artigo baseado na dissertação de mestrado, 2007.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Guanabara,
1987.
PICETTI, Jaqueline dos Santos. Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? Educação e Cidadania, 2001.

sábado, 20 de junho de 2009

Método Clínico Piagetiano








Piaget criou o método clínico experimental, importante contribuição para a investigação na área de psicologia do desenvolvimento. Tinha por objetivo descobrir por que os sujeitos tinham tantas dificuldades de resolver problemas e porque os erros eram tão sistemáticos. Com esse método é possível fazer uma investigação de como as crianças pensam, percebem, agem e sentem. Consiste de um procedimento de entrevista com a criança, com coleta e análise de dados, onde se acompanha o seu raciocínio elaborando novas perguntas(c0ntra-argumentação) a partir das respostas dadas.

Realizamos em grupo (Giseli,Valéria e eu) a aplicação da prova sobre conservação das massas, conforme a atividade proposta pela profª Tania, com a aluna Bruna(nome fictício), utilizando o material
massinha de modelar. A Valéria fez as perguntas e nós observamos.
A aplicação da prova foi feita em sala de aula, onde a aluna estava sozinha com a observadora. O lugar era tranqüilo e aluna se mostrou receptiva a atividade, respondendo todas as perguntas com entusiasmo e interesse. A Bruna se mostrou calma frente às questões apresentadas na prova, perguntando quando não entendia e pensando antes de responder.
De acordo com a observação, a Bruna está no estádio Pré-operatório demonstrando dificuldade na reversibilidade do pensamento ficando atenta apenas ao estado da massinha e não a transformação da mesma. Demonstrou um pensamento algumas vezes estático e imóvel, não conseguindo perceber que a situação original pode ser restaurada e a quantidade não varia.
Mesmo apresentando oito anos ainda não superou essas deficiências, comprovando que o desenvolvimento do raciocínio varia de pessoa para pessoa,depende das experiências anteriores que teve e do meio social em que vive que pode acelerar ou retardar esse processo.
A observadora procurou intervir o mínimo possível no processo para obviamente não induzir a criança a dar respostas que não havia pensado.Deixou a Bruna pensar e escreveu exatamente o que ela respondeu. Usou de contra-argumentação quando a resposta era negativa, na tentativa de entender melhor as explicações apresentadas e consequentemente perceber a sua capacidade mental. Foi competente na utilização do método clínico, pois aplicou a prova de acordo com os critérios estabelecidos por ele.
Acredito que a aplicação foi adequada, obedecendo às orientações para uma boa prova: o ambiente foi tranqüilo, a observadora procurou deixar a criança a vontade, houve empatia entre a observadora e a criança, a linguagem utilizada foi de acordo com o vocabulário dela, a intervenção foi pertinente, desafiando a criança a repensar suas hipóteses.
Contudo houve equívocos durante a aplicação do teste e por isso resolvemos refazê-lo. Na primeira vez foi feita na sala de aula com toda a turma, onde algumas perguntas não foram adequadas, por isso fizemos novamente com apenas uma aluna, como deveria ter sido no princípio.
Ela foi convidada para brincar em uma sala conosco, num ambiente propicio, onde as perguntas foram reformuladas e aplicação foi realizada com mais segurança, tranqüilidade e sem intervenções de outras pessoas. Foi criada uma situação de desafio, com a massinha de modelar, que é um material familiar para a criança, onde foi possível observar toda a linha de raciocínio da mesma. Confirmamos após essa análise, que a aluna se encontra no estádio pré-operatório de desenvolvimento cognitivo, pois demonstrou um pensamento estático e rígido em determinados momentos, caracterizado pelo egocentrismo. Pareceu incapaz ainda de compreender a existência de fenômenos reversíveis, não entendendo que um objeto conserva suas propriedades originais.
Segundo Piaget (2002), o pensamento da criança, nesse estágio, ainda não é constituído por estruturas lógicas, isto é, a criança ainda não possui o pensamento reversível que o caracteriza, o qual consiste na capacidade de executar mentalmente a mesma ação nos seus dois sentidos (ida e volta) e anulando a transformação por inversão, e, assim, centra seu pensamento em apenas um aspecto do fato observado sobre o qual está raciocinando.
REFERÊNCIAS

CHARCZUCK, Simone Bicca. Introdução ao método clínico piagetiano. Slides. PEAD/UFRGS
PIAGET, Jean. A noção de tempo na criança. Tradução Rubens Fiúza. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002.
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Do Egocentrismo à Descentração: a docência no ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.
__________http://www.psicologiaeducacional.org/psicologia/. acesso em: 25 de maio.2009